quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dispensado pela Ponte nas categorias de base em 2004, jovem goleiro retorna à cidade


Revelado pelo Campinas Futebol Clube - atual Sport Clube Barueri -, o arqueiro Gustavo Gomes da Silva, 21 anos e 1,94m, conta que tentou começar a carreira nos dois grandes clubes da cidade, mas não obteve sucesso. “Antes do Campinas, tive passagens muito rápidas por Ponte e Guarani. Não tive oportunidades em ambos, infelizmente”, diz sem demonstrar mágoas.

A iniciação no gol, porém, não foi premeditada. Quando jogava futebol na rua, Gustavo tinha preferência por uma posição bem diferente da atual. “Eu jogava na linha. Era centroavante. Até que um dia, quando precisaram de goleiro numa pelada na praça, eu entrei e nunca mais saí. Peguei gosto pela coisa”, conta. “Disseram que eu tinha dom e tamanho”, completa. Mal sabia ele, no entanto, que alguns anos depois entraria novamente num campo repleto de garotos e chamaria a atenção.

Em 2008, defendeu o Figueirense, de Santa Catarina, no título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, considerada a vitrine do futebol brasileiro por ter a fama de revelar futuros craques. Atuando bem, não só ajudou na conquista, como também foi eleito o melhor goleiro da competição.

“Em Florianópolis todos me reconheciam na rua. Lá ajudei o Figueirense a conquistar a Copa São Paulo de Juniores. Foi o primeiro título nacional que eles conquistaram. Lá minha passagem foi marcante”, diz o jogador que já passou também pelo Iraty, do Paraná, antes de defender o clube catarinense.

Depois da conquista inédita, Gustavo foi promovido ao time profissional do time de Santa Catarina, de onde saiu somente no começo deste ano para defender a Ponte Preta. “É ótimo estar de volta ao clube que me dispensou. É uma volta por cima. Mostra que meu trabalho foi valorizado”.

Detentor de um olhar tranqüilo e de uma fala mansa – o que lhe faz parecer mais velho do que é -, ele demonstra não se importar com o fato de atualmente postular como terceira opção no banco de reservas da Macaca.
“O Eduardo Martini (goleiro titular) foi meu adversário quando eu jogava no Figueira e ele no Avaí. Lá a rivalidade é forte, mas somos amigos aqui e eu respeito o trabalho dele, que é um excelente e experiente goleiro”, diz.

Indagado sobre a possibilidade de um dia se tornar famoso, o jogador afirma ter os pés no chão. “O dinheiro e a fama vêm muito rápido e se o jogador não tiver cabeça, ele acaba com a vida e a carreira em pouco tempo”, conclui, citando em seguida mulheres e festas como principais vilões.

Este assunto, aliás, apesar de polêmico e delicado para muitos jogadores, não o intimida. “Se eu disser que muitas festas não afetam o rendimento do jogador, estarei mentindo. Mas acho que isso depende da cabeça do jogador. O Romário, por exemplo, conseguia treinar e jogar mesmo indo para as noitadas (risos). Eu sou tranqüilo. Estou noivo e não gosto de balada”.

Mesmo aparentando timidez e introspecção, o jovem, na verdade, é sério e não hesita ao ser questionado sobre a recente* polêmica envolvendo o atacante do Flamengo, Vágner Love – que foi visto na comunidade onde nasceu ao lado de traficantes armados.
“Se ele nasceu na favela e se sente bem lá, não podemos criticar. Mas também é preciso saber separar bem as coisas e escolher bem as companhias”, contemporiza, para, logo em seguida, falar de suas origens.
“No meu bairro todo mundo me conhece. É muito bom estar de volta”, finaliza.

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*Entrevista realizada em março de 2010

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