segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sob a grandeza do passado

Hoje, exatamente 28 anos depois da famigerada "Tragédia do Sarriá", o Brasil se recupera de mais uma eliminação em Copa do Mundo. A atual, no entanto, bem menos traumática.
Sem Falcão, Sócrates, Zico e companhia no time, a campanha na África do Sul não inspirou os torcedores brasileiros. Para muitos, o insucesso do time comandado pelo técnico Dunga se deve a ausência de craques como aqueles que marcaram época em 1982 (foto abaixo).



Mas há mais que precisa ser dito.
Sendo a Copa do Mundo de Futebol o ápice do esporte mais amado do planeta, a atenção em relação ao futebol apresentado é inevitável e o Mundial traz consigo todo um panteão de ídolos, lances e histórias futebolísticas. Logo, o passado é virado, revirado e referências mil são buscadas e utilizadas.

Em 2010, na primeira Copa do Mundo realizada na África - algo inimaginável no passado -, não foi diferente. O Mundial começou e as reclamações com base nos números de gols de outros mundiais apareceram. Muitos críticos destacaram a falta de qualidade dos jogos e a postura defensiva das equipes. Alguns comentaristas veteranos, inclusive, defenderam tal ponto de vista citando jogadores clássicos e suas jogadas antológicas. Exagero.

Saudosismo à parte, concordo que as comparações são inevitáveis, mas não acredito que devem determinar ou definir o futebol atual como ruim. O futebol de hoje, se não é bonito como o de ontem, deve sê-lo de outra forma. Emocionalmente, por exemplo não perdeu nada.
Na Copa de 2010, vale dizer, tivemos muitos exemplos de superação e definição de partidas nos acréscimos. Tivemos as chamadas zebras (a queda italiana na primeira fase), as aguardadas goleadas (da Alemanha, principalmente) e até mesmo empates disputados (Gana e Uruguai, cujo desfecho se deu somente nos pênaltis).

Confesso, porém, que muitas partidas não caíram bem para o espectador.
Para exemplificar, Japão x Paraguai foi sofrível. Ficou bem distante do nível futebolístico esperado para uma oitava de final.
Sorte a nossa, porém, que a decisão de pênaltis existe e nos presenteou novamente com fortes emoções.
Convenhamos, então: o futebol, mesmo com desarranjos, continua com seu principal componente. A emoção nunca deixará de fazer parte das Copas do Mundo.

Portanto, o novo chega. Sempre. E chegou também ao futebol.
A questão, porém, é a aceitação de seus admiradores. O passado no futebol, acima de tudo, faz parte do ideário popular, enquanto o novo, pelo visto, ainda não convenceu.
Se os times de hoje jogam fechados, significa que houve, enfim, a busca pelo aperfeiçoamento. O estilo defensivo, então, pode ser interpretado como uma evolução - feliz ou infelizmente. Não se nega, por exemplo, o nivelamento entre as equipes.

Além disso, claro, não podemos deixar de destacar os momentos marcantes desta Copa: o choro do norte-coreano Jong Tae-Se durante o hino de seu país, o travessão protagonista - 44 anos depois - no confronto entre Inglaterra e Alemanha, a mão do atacante Suárez salvando o Uruguai no último minuto da prorrogação contra Gana, o belo gol de Luís Fabiano também com o auxílio das mãos e, finalmente, a taça, que será levantada no próximo domingo, 11 de julho.

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